Assistentes Sociais e Psicólogos:
Os desafios no cotidiano do Judiciário

Destituição familiar, racismo e alienação parental são alguns dos temas abordados em artigos assinados pela psicóloga Ana Paula Hachich de Souza e a assistente social Edna Fernandes da Rocha, no livro “O Serviço Social e a Psicologia no Universo Judiciário” (Editora Papel Social – abaixo temas e seus autores). O trabalho é resultado do III Prêmio Interdisciplinar, promovido pela Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça de São Paulo (AASPTJ-SP). 

AASPTJ-SP – Qual a expectativa com o lançamento do livro?

Ana Paula Hachich – A intenção do trabalho é promover reflexões e mudanças a partir da troca de experiência. As pessoas têm dificuldade de acessar o conteúdo do universo judiciário, que não se resume a esse contexto. A Justiça está em todos os lugares, não está só no Judiciário. Tem interface na Saúde, Educação, Cultura, enfim, nas diversas áreas da atividade humana.

Edna Fernandes da Rocha – É uma forma de proporcionar conhecimento sobre a dinâmica desses profissionais em defesa dos direitos das crianças e conflitos de família. O desafio de lidar com essas questões distintas. Mostrar que temos interesse nas dores das pessoas e que, a partir de nosso cotidiano buscamos mudar sempre com a experiência do outro.

AASPTJ-SP – Os profissionais que atuam no Judiciário podem beber nessa fonte?

Ana Paula Hachich – Com esse trabalho, ainda que possamos atingir pouco a sociedade, pode-se promover uma mudança de postura interna, nossa, como profissionais e uma das interfaces da justiça. Esse movimento chega à sociedade de forma reflexa, o que contribui para a garantia de direitos. Quando ouvimos de uma forma diferente a pessoa, que busca o judiciário com suas dores, seus conflitos, já promovemos o bem estar da atendida. É um movimento cíclico, que atinge o núcleo ao qual o cidadão pertence e pode reverberar.

Edna Fernandes da Rocha – Os temas dos artigos, como racismo, alienação parental, estão, sim, em nosso trabalho. Se um juiz, por exemplo, estiver aberto a esse trabalho, pode trazer luz a essas questões. Trazemos visões críticas da lei, não excomungando, mas possibilitando a comunicação entre os entes do Judiciário. O livro mostra também que não apenas produzimos laudos, que somos seres pensantes, com produção intelectual. Reafirmamos nesse trabalho nosso compromisso ético-político, e como classe trabalhadora e também como nossa forma de capacitação continuada, para além dos textos. O livro é um estímulo para que outros também produzam intelectualmente.

Artigos:
“Destituição do poder familiar, racismo e justiça: uma reflexão multidisciplinar necessária” – Ana Paula Hachich de Souza e Edna Fernandes da Rocha

“Alienação parental como demanda nas perícias psicológica e social em Varas da Família: uma perspectiva interdisciplinar” – Edna Fernandes da Rocha e Ana Paula Hachich de Souza