Adoção: vínculos e convivência

No dia 28 de maio, nossa associada, a psicóloga, Emeline Duó Riva, e a assistente social, Alana Beatriz Ferreira, do Conselho Fiscal da AASPTJ-SP, comandaram palestra sobre adoção na Casa do Advogado de Catanduva, interior de São Paulo. O tema “Adoção: construindo mães” foi elaborado a partir da experiência de campo das profissionais que, nos dramas do dia a dia no âmbito do Judiciário, têm uma visão mais concreta e menos romantizada dos desafios do processo de adoção. Segundo Emeline, a adoção faz parte de uma política ampla, tendo por lógica a garantia do direito fundamental à convivência familiar e comunitária, na perspectiva da proteção integral. “E essa proteção integral, vislumbra o melhor interesse da criança, reconhecendo-a como sujeito de direitos”. Alana complementa explicando que “encontra-se uma família para a criança, e não o contrário”.

Motivação

Depois de uma exposição da linha histórica da adoção no Brasil, foram abordadas questões sensíveis ao tema, dentre eles, como identificar durante o processo a motivação do ato de adotar. Segundo Emeline, “a adoção não pode ser vista apenas como uma forma de encontrar uma criança para resolver o problema de uma família sem filhos, ou como um meio de resolver as desigualdades sociais”. Alana pondera que “as razões do acolhimento de uma criança são multifatoriais e atravessados pela exclusão, como acesso precário a bens culturais, sociais, serviços, apoio comunitário, ciclo geracional, valores.” Sublinham que há muito do imaginário no universo da adoção, que ainda  permanece o ato de adotar uma criança para dar a ela uma vida melhor, por benevolência. “As fantasias, idealizações dos adotantes em relação à criança desejada podem perturbar a constituição do vínculo, por esperar que a criança ofereça além do que ela pode”, ressaltam.

Crianças e Adolescentes na passarela

Tendo por mote a polêmica envolvendo a exposição de crianças e adolescentes num evento em um shopping, em Cuiabá, no Mato Grosso, as profissionais defendem que a exposição de crianças e adolescentes em mídias, expondo sua história, sua personalidade, pode suscitar sentimentos de caridade em pessoas que não pretendem adotar, nem ter filhos. Pode também gerar sentimento de frustração e insegurança ainda maior na criança por, mesmo se expondo, não conseguir ser inserida em uma família substituta. Pode também reforçar a formação de relações superficiais no processo adotivo, em que se aceita todas as imposições, como por exemplo, “aceitar qualquer coisa”. Emeline e Alana consideraram relevante a receptividade dos participantes do encontro, prioritariamente advogados e servidores do fórum local. O evento foi idealizado pela Comissão da Mulher Advogada, em Catanduva, em em comemoração ao Dia das Mães (12 de maio) e ao Dia Nacional da Adoção (dia 25 de maio).

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