AASPTJ-SP divulga Nota de Repúdio ao deputado Arthur do Val

A Associação das/dos Assistente Sociais e Psicólogas/os do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), entidade que congrega e representa assistentes sociais e psicólogas(os) que atuam no âmbito do Tribunal de Justiça de São Paulo e que, por esse papel, acumula uma trajetória de 30 anos de defesa intransigente e contínua de uma sociedade pró-vigência de Direitos Humanos da criança, do adolescente e de suas famílias, vem a público, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, sob a consciência da histórica luta por direitos das mulheres, e do combate a todas as formas estruturantes de desigualdades e formas de crueldade, arbítrio e opressão, manifestar-se com o mais grave e contundente REPÚDIO às declarações de Arthur do Val (PODEMOS), deputado estadual em São Paulo, divulgadas recentemente, por ocasião de sua passagem pela Ucrânia em meio ao contexto de guerra.

Já conhecido por suas declarações afrontosas e ofensivas aos servidores públicos na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o senhor Arthur do Val reapareceu, agora sem o verniz de um discurso pretensamente moralizador da vida pública, em áudios veiculados durante sua ida à região da guerra entre Ucrânia e Rússia, externando escatológica e despudoradamente ideias e valores sexistas e misóginos, objetificando mulheres ucranianas como meros corpos a serviço de sua lascívia, referindo o Leste Europeu como destino propício ao turismo sexual, e explorando a condição de pobreza e extrema vulnerabilidade de refugiados e afligidos pela guerra.

Para o senhor Arthur do Val, vulgo “Mamãe Falei”, mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”, pensamento que ofende todas as mulheres pois lhes nega dignidade e respeito, e que causa espécie pelo abuso que pretende em relação à condição de “pobreza”.

Tentativas de explicações que associam sua repugnante conduta a um momento de “empolgação” apenas configuram uma tentativa de se esconder por trás de uma atitude juvenil que sequer poderia ser pensada para um senhor de 35 anos, deputado estadual, e que ainda causa secundariamente a distorção de que ser jovem é sinônimo de ser irresponsável, como se tudo o que age e se organiza para a discriminação e a desigualdade pudesse ser resolvido com convenientes pedidos de “escusas”.

A luta por respeito às mulheres e contra toda forma de desigualdade não é uma luta de um país ou de uma nacionalidade, mas de todas as mulheres. Nós, enquanto entidade representativa de um coletivo majoritariamente constituído por mulheres trabalhadoras, servidoras públicas que não conquistaram cargos com comportamento histriônico em bolhas algorítmicas mas com concursos públicos de provas e títulos, lutamos cotidianamente contra todas as injustiças e formas de violência, exclusão e desigualdade que estão contidas nas palavras primitivas do senhor Arthur do Val. Somos, ainda, centenas de filhas, irmãs, e também somos mães. E, como mães, não ensinamos filhas e filhos a falarem absurdos sem consequências.

Nosso repúdio se coloca na observação de que o senhor Arthur do Val não tem condições morais de representar a população de São Paulo, e com a certeza de que não se pode acreditar num “Brasil livre”, sem a igualdade social e o respeito às diferenças.

São Paulo, 07 de março de 2022

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